Irã liberta cinco funcionários de embaixada da Grã-Bretanha

Cinco funcionários da embaixada da Grã-Bretanha em Teerã detidos pelas autoridades iranianas foram libertados, informou o governo do Irã.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Hassan Ghashghavi, os quatro restantes estão sendo interrogados.
A mídia local disse que os funcionários, todos iranianos e contratados localmente, teriam sido detidos sob suspeita de envolvimento nas manifestações que sucederam as eleições para a presidência do Irã.
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, David Miliband, disse que as alegações são falsas.
Nesse meio tempo, o mais importante órgão legislativo do país iniciou uma recontagem parcial dos votos - uma medida rejeitada pelo candidato derrotado, o oposicionista Hossein Mousavi
"De nove pessoas, cinco foram libertadas e as restantes estão sendo interrogadas", disse Ghashghavi em uma coletiva para a imprensa, informou a TV estatal Press TV.
Falando à agência oficial de notícias do Irã, o ministro da Inteligência e da Segurança Nacional do país, Gholam-Hoseyn Mohseni-Ezhei, disse: "A embaixada britânica desempenhou um papel importante nos tumultos recentes, tanto através de seus funcionários locais como pela mídia".
"Temos fotos e vídeos de certos funcionários locais da embaixada britânica, que coletaram notícias sobre os protestos".
"A embaixada enviou funcionários para dirigir os baderneiros de forma a aumentar os tumultos para que depois os baderneiros pudessem disseminar para o mundo, a partir de vários pontos, relatos falsos sobre (as manifestações).
A Grã-Bretanha protestou veementemente contra as detenções, que foram confirmadas pela BBC. Miliband qualificou-as de "perseguição".
O Ministério das Relações Exteriores britânico não especificou os cargos dos quatro funcionários ainda sob custódia da polícia, mas a BBC tem informações de que um deles é responsável por checar fontes locais de notícias e tentar ficar à frente de desdobramentos políticos.
O editor de Oriente Médio da BBC em Teerã, Jeremy Bowen, disse que nenhum dos detidos tem dupla nacionalidade (iraniana e britânica).
Apesar das libertações, o fato de que alguns funcionários ainda estão presos significa que a questão continua sendo um problema sério para a Grã-Bretanha, disse o editor.
No domingo, a União Europeia advertiu o Irã de que a "perseguição ou intimidação" de funcionários da embaixada despertará uma resposta "forte e coletiva".
O Irã vem acusando repetidamente os poderes estrangeiros - especialmente a Grã-Bretanha e os Estados Unidos - de interferir nos assuntos do país após as eleições de 12 de junho.
A votação resultou na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, mas seus oponentes disseram que o pleito foi fraudulento. Pelo menos 17 pessoas teriam morrido em protestos nas ruas.
A crise levou à expulsão, por Teerã, de dois diplomatas britânicos. A Grã-Bretanha respondeu na mesma medida.
Entretanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Ghashghavi, disse que "no momento, não há planos para o fechamento de qualquer embaixada ou para o relaxamento de laços com elas".
Segundo relatos não confirmados, pelo menos mil pessoas teriam participado de uma menifestação de apoio à oposição no domingo à noie, em Teerã.