Com festa de ícones brasileiros no Maracanã, Rio se despede da Olimpíada

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No final da festa, o Maracanã virou uma espécie de Sapucaí, com a cerimônia de encerramento se transformando em um verdadeiro desfile de escolas de samba
Com interpretação de Carmem Miranda, projeções de Tarsila do Amaral e hino ao som de tambores, uma festa no Maracanã marcou o fim aos Jogos Olímpicos do Rio.
A cerimônia de encerramento começou às 20h com artistas dançando e formando ícones do Rio, como o Cristo e o bondinho, seguido por projeções de telas da artista Tarsila do Amaral, ao som da banda Barbatuques. Martinho da Vila interpretou canções como "Carinhoso" e Roberta Sá incorporou Carmem Miranda ao cantar Tico-tico no Fubá.
Em um das partes considerada entre as mais emocionantes, um grupo de crianças embalado por batuques cantou o Hino Nacional - as luzes que traziam nas roupas depois formaram as estrelas da bandeira brasileira projetada no estádio. A tenista brasileira Maria Esther Bueno carregava a bandeira que seria hasteada.
Debaixo de uma chuva que não deu trégua até o fim da cerimônia, as delegações entraram no Maracanã, de uma maneira mais descontraída do que na abertura.

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As luzes que as crianças traziam nas roupas formaram as estrelas da bandeira brasileira
O baiano Isaquias Queiroz entrou carregando a bandeira nacional, após ter conquistado três medalhas na canoagem - um feito inédito para o esporte brasileiro.
Na reta final da cerimônia, houve ainda homenagens à mulher rendeira, interpretação da música "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e a participação de crianças guaranis. Projeções de pinturas rupestres lembraram o Parque Nacional da Serra da Capivara, que chegou a ser fehcado nesta semana, por falta de financiamento.

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Roberta Sá incorporou Carmem Miranda ao cantar "Tico-tico no Fubá".
Após a entrega de medalhas dos maratonistas da prova masculina e a interpretação dos hino olímpico e o da Grécia, teve início a parte da cerimônia realizada pelo Japão, que abrigará os Jogos Olímpicos de 2020. Um dos momentos que mais chamou a atenção, o primeiro-ministro Shinzo Abe surgiu no Maracanã com um chapéu do personagem de videogame Mario, da japonesa Nintendo.
Durante um trecho mais protocolar da cerimônia, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, fez seu discurso, enquanto as imagens da TV mostravam muitos assentos vazios na arquibancanda atrás dele.

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O premiê do Japão, Shinzo Abe, surgiu no Maracanã com um chapéu do personagem de videogame Mario
A chama olímpica foi apagada e, em seguida, o Maracanã virou uma espécie de Sapucaí, com a cerimônia de encerramento se transformando em um verdadeiro desfile de escolas de samba.
No fim da festa, ao som de sambas enredos e marchinhas carnavalescas clássicas, atletas de diferentes países usaram adereços dos passistas e alguns chegaram a subir no carro alegórico.
Medalhas
Horas antes, a vitória da seleção masculina de vôlei, contra a Itália, ajudou a garantir ao Brasil sua melhor Olimpíada da história, tanto no número de ouros quanto no total de medalhas.
Ao todo, os atletas do país conseguiram um recorde de 19 medalhas. A melhor campanha até então era a dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, com 17. O número de ouros olímpicos conquistados pela delegação brasileira também é inédito. Foram sete, superando os cinco obtidos nos Jogos de Atenas, em 2004. Na Olimpíada anterior, em Londres, o Brasil obteve apenas três.
Mais um recorde foi batido na posição geral no quadro de medalhas. Os brasileiros fizeram no Rio sua melhor campanha, fechando os jogos em 13º lugar, três posições acima do 16º obtido em Atenas, sua melhor colocação até então.

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Jogadores do vôlei celebram a vitória, jogando o líbero Serginho para o alto
A Olimpíada de Atenas, em 2004, também foi a última vez que a seleção masculina de vôlei ganhou o ouro olímpico. Além disso, o time estava há seis anos "na seca" e não conquistava um título desde que se sagrou tricampeão do Campeonato Mundial, em 2010.
Entre os 10 primeiros
No entanto, o Brasil não alcançou a meta de ficar entre os dez primeiros países no quadro de medalhas.
O objetivo era parte de um plano, lançado um mês após os Jogos de Londres, que previa "um novo patamar de investimentos no esporte visando a preparação de nossos atletas olímpicos e paraolímpicos para os Jogos Rio 2016", segundo a descrição oficial.

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Bruninho e Serginho comemoram o ouro no vôlei
João Fellet tenta entender como brasileiros chegaram ao grau atual de divisão.
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Anunciado pelo governo de Dilma Rousseff, compreendia R$ 1 bilhão em recursos adicionais entre 2013 e 2016, a construção de centros de treinamento e a instituição de programas como o Bolsa Pódio.
O plano também estabeleceu colocar o Brasil entre os cinco primeiros colocados nos Jogos Paralímpicos, que ocorre entre 7 e 18 de setembro. Se for bem sucedido, o resultado será também inédito.
No balanço olímpico, vale lembrar também que atletas militares conquistaram 12 das 19 medalhas, gerando polêmica especialmente quanto muitos deles bateram continência no pódio.
Os atletas militares integram o Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), iniciado em 2008 com o objetivo de tornar o Brasil mais competitivo para a 5ª edição dos Jogos Mundiais Militares, que ocorreram no Rio de Janeiro, em 2011.
O Exército e a Marinha abriram concursos para incorporar atletas civis que já tinham bom desempenho em competições reconhecidas (mais tarde, a Aeronáutica também entrou no programa).
O projeto recebeu críticas por oferecer apoio apenas a atletas já consagrados e ajudar pouco na formação de novos nomes.

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