As crianças sírias vítimas da guerra civil em Damasco
Há cinco anos, a parte leste de Damasco, capital da Síria, está sob cerco.
A situação é especialmente crítica em uma área chamada Ghouta, nos arredores da cidade, onde o governo tem intensificado os ataques aéreos para tentar retomar a região, controlada por rebeldes.
As crianças são metade da população local - e acabam sendo as principais vítimas do conflito.
As ofensivas mataram 200 pessoas só nas primeiras semanas de janeiro, 50 delas crianças.
Mahmoud, de três anos, foi um dos sobreviventes, mas seu irmão mais velho permanece desaparecido. Ao todo, oito civis foram resgatados do que sobrou de suas casas.
Geralmente, depois dos ataques, as crianças vasculham os escombros em busca de algo que possa servir como lenha para aquecer as famílias à noite.
Sobreviver é uma luta diária para as 400 mil pessoas sitiadas em Ghouta.
Para se proteger dos ataques, o sírio Abu Ibrahim transformou um local abandonado em sua casa, onde vive hoje com os dois filhos.
"Nunca sabemos se haverá comida no dia seguinte", diz à BBC.
"No jantar, comemos trigo ou arroz. Nossa situação é desesperadora", acrescenta. A família de Ibrahim passa fome e frio diariamente.
"Não há trabalho. Não temos nada, como você pode ver com seus próprios olhos".
Segundo a ONU, o leste de Ghouta é agora o "epicentro do sofrimento" na Síria.
A guerra civil no país já é a maior crise humanitária do século 21.
Desde o início do conflito, em 2011, 400 mil pessoas morreram.
Além disso, 5 milhões fugiram do país e outros 6,3 milhões estão desabrigados internamente.