Dia de 'pungar’: conheça o tambor de crioula, que comemora pela 1ª vez sua data oficial
O tambor de crioula, tradição afrobrasileira típica do Maranhão, comemora pela primeira vez a sua data oficial. O dia 18 de junho foi declarado “Dia do Tambor de Crioula” em janeiro, em decreto publicado pela presidente afastada Dilma Rousseff.
No Maranhão, há mais de 60 grupos registrados que seguem a tradição, que, acredita-se, mistura influências trazidas por escravos africanos de países como Angola, Congo e Guiné.
Geraldo Mendes, conhecido como Mestre Amaral, tem 53 anos mas “nasceu dentro do tambor”. Ele diz ter sido escolhido pelo pai dentre os 18 irmãos para levar adiante a tradição que vinha sendo passada de geração para geração.
A BBC Brasil acompanhou o tambor de Mestre Amaral em um arraial em São Luís. A tradição tem seu apogeu no mês de São João. O ritual começa com a fogueira para aquecer o couro dos tambores até que alcancem a sua afinação – para que a música e a dança possam começar.
Enquanto os homens, ou coreiros, entoam canções, as mulheres, ou coreiras, rodopiam com saias de chita rodadas, uma sempre levando uma imagem de São Benedito. O santo negro é reverenciado pela tradição. Elas se alternam benzendo os tocadores, e sempre se cumprimentam com a “punga”, uma umbigada que antecede a troca de posição na roda.
Mestre Amaral saúda o reconhecimento que vem sido dado ao tambor. Ele se lembra das histórias de seus antepassados, que apanharam muito para manter viva a tradição, reprimida por décadas após a escravidão.
“Hoje é patrimônio. É muito melhor para a gente, ficou mais conhecido. Antes as pessoas brancas tinham preconceito, diziam que era coisa de preto, cachaceiro. Agora ficou melhor.”
Filmagem e edição: Ana Terra
Produção: Luciani Gomes
Reportagem: Júlia Carneiro