'Onde estão os negros?': Elza Soares fala de racismo e violência contra mulher
Aos 80 anos, completados em junho passado, a cantora Elza Soares continua criando e se reinventando. Ela acaba de entrar em estúdio para gravar seu próximo álbum, "Deus É Mulher".
"Mulheres podem liderar e pode haver Deus dentro de cada uma de nós. Por que não? Por que Deus não pode ser mulher? Deus é mulher", diz ela.
O mote do novo disco segue a onda de protestos do trabalho recente da cantora, que levanta bandeiras contra o racismo, violência doméstica, homofobia, e agora foca no "empoderamento todo que as mulheres estão tendo, graças a Deus".
Elza recebeu a BBC Brasil em seu apartamento na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e falou das lutas às quais empresta sua voz rouca e potente, reforçadas pela imagem "guerreira" de quem superou a pobreza, o preconceito, a morte de três filhos e a violência do ex-parceiro, o jogador Mané Garrincha.
A cantora que afirma não olhar para o passado e não saber o que o futuro lhe guarda diz preferir viver o hoje, mesmo que considere o momento atual do país "trágico".
"É um momento ruim, mas acho que vai vir um momento bom para gente também. Eu sou muito otimista. Eu acredito que isso é um momento que nós estamos atravessando, e vai passar. Acredito. Acredito nesse povo brasileiro sofrido, que isso vai passar", diz.
"Assim como veio para a Elza Soares, há de vir para o Brasil."

'Grito muito, mas quero eco', diz Elza Soares sobre combate ao racismo
Intérprete carioca defende o empoderamento feminino em novo álbum, que começa a gravar; em entrevista à BBC, conta que veio 'do planeta fome', trabalhou como doméstica e apanhou do ex-marido Mané Garrincha, trajetória que vai virar biografia e musical para o teatro; ela ainda diz que considera a situação do país 'trágica', mas afirma ter fé em 'um momento bom': 'Assim como veio para a Elza Soares, há de vir para o Brasil'.