O atleta que perdeu a perna e levou esporte de elite a jovens carentes
Lars Grael perdeu a perna direita em 1998, após uma lancha pilotada por um homem embriagado invadir a área de uma regata e bater no barco do iatista.
Lars havia conquistado dois bronzes olímpicos e se preparava para buscar o ouro em Sidney 2000.
O iatista sobreviveu à tragédia. Mas precisava ainda vencer a dor de ter a carreira e o sonho olímpico interrompidos. Logo depois do acidente, era difícil saber se seria possível voltar ao iatismo.
"Eu já tinha consciência que eu nunca mais seria um velejador olímpico. Eu era um atual medalhista, no auge da minha carreira, ser um deficiente físico...", lembra Lars, que fundou o projeto Grael/Instituto Rumo Náutico com o irmão Torben, em agosto de 1998.
Ele conta que a ideia era fazer uma escola pública de vela nas águas de Niterói, dominadas por clubes de iatismo privados.
“Então a nossa ideia foi fazer um projeto fora das paredes dos clubes, e ofertar para os jovens da rede pública de ensino.”
O projeto então passou a oferecer a jovens de baixa renda aulas de iatismo e, poucos anos depois, cursos profissionalizantes, educação ambiental e outras práticas esportivas.
"Na busca de uma causa pra viver, isso representou pra mim uma orientação, um norte da minha bússola", diz o atleta, que voltaria ao topo do iatismo na década seguinte.
Em 2015, Lars conquistou o campeonato Mundial da Classe Star - que foi excluída do iatismo olímpico em 2016.
Não por acaso, a conquista marcou outra história de superação. O proeiro de Lars é um ex-aluno do Projeto Grael, Samuel Gonçalves.
"A vela é um esporte que, paradoxalmente, deu ao Brasil o maior saldo de medalhas olímpicas, mas sempre foi visto como um esporte de elite", diz Lars.