Pesquisas apontam indefinição, mas Twitter e casas de apostas arriscam resultado de plebiscito da UE
- Fernando Duarte
- Da BBC Brasil em Londres

Crédito, Reuters
Institutos de pesquisa dizem que resultado do plebiscito é imprevisível
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira para votar no plebiscito histórico que decidirá a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia, cujo resultado promete ser um dos mais disputados da história.
Muitos analistas eleitorais, aliás, consideram o desfecho imprevisível. E essa sensação de incerteza aumentou depois de, nas eleições-gerais de maio do ano passado, as pesquisas de opinião terem falhado em prever a vitória convincente do Partido Conservador e do premiê David Cameron.
Nas semanas anteriores ao pleito, os levantamentos apontavam para um impasse eleitoral que, no fim, não se concretizou - mesma indefinição mostrada pelas pesquisas mais recentes.
Nas casas de apostas e dos escritórios de consultoria em mídia social, porém, parece não haver hesitação.
Nos últimos dias, bookmakers (como são conhecidas as casas de apostas) britânicos reduziram a "recompensa" para quem acredita que os britânicos optarão por permanecer no bloco - no mundo da jogatina, quanto menor o pagamento para uma fezinha, maiores são as chances de ela vencer.
Há casas oferecendo uma cotação 2 para 9, o que implica um probabilidade de 82% de vitória para o "fico" - a proporção era de 50% quando o referendo foi anunciado, em fevereiro.
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A campanha pela saída já apareceu em vantagem nas medições
Enquanto isso, pesquisas de opinião já variaram entre uma vantagem de 10% para a saída britânica da UE e de 2% para a permanência.
Na eleição de 2015, os bookmakers "previram" os resultados com mais precisão, apontando que os conservadores seriam a maior legenda no Parlamento, ao passo que os institutos de pesquisa chegaram até a apontar um triunfo do Partido Trabalhista.
De onde vem a confiança das casas de apostas? Um indicador simples é a quantidade de dinheiro entrando em suas lojas.
"Há uma forte probabilidade de que o voto pela permanência vai ganhar por causa da quantidade de dinheiro que tem sido apostada. Não acreditamos em uma grande margem, estamos falando em algo como 55% a 45%", disse, em entrevista ao jornal The Independent, Marcus Goddard, responsável pelo departamento de apostas políticas da empresa Betfred.
Analistas da indústria acreditam que um volume de mais de R$ 150 milhões está sendo apostado no resultado do plebiscito.
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Casas de apostas preveem movimento total de mais de R$ 150 milhões em palpites políticos
Já especialistas em mídias sociais afirmam que a análise de ferramentas com o Twitter podem mostrar um retrato mais fiel das intenções do eleitorado que as pesquisas de opinião.
O argumento apontado por eles é que as manifestações online são mais espontâneas do que as entrevistas concedidas a levantamentos.
"Pesquisas de opinião têm uma amostra populacional relativamente pequena e dependem do engajamento da audiência e às vezes podem apresentar uma leitura distorcida. Na mídia social, você pode ver as pessoas falando mais livremente porque não sabem que estão sendo observadas. Isso é mais preciso e as amostras são maiores", explica à BBC Brasil Robin Grainger, da empresa One Four Zero Group.
Segundo a análise mais recente do grupo, as postagens no Twitter apontam para 51% de intenções de voto para a permanência britânica no bloco socioeconômico.
Pesquisas apontam cotação imprevisível
Grainger, no entanto, alerta tanto para a proximidade das porcentagens quanto para uma tendência de volatilidade no debate sobre a questão europeia - ou seja, a importância que cada lado dá a determinado assunto.
"Quando vemos os líderes da campanha falando sobre economia, segurança e empregos, a permanência lidera. Mas quando os discursos são sobre imigração e o sistema nacional de saúde, por exemplo, a saída mostra vantagem."