Você viajaria milhares de quilômetros por um prato de comida?

Um prato saboroso de comida sempre é uma recordação especial das viagens - mas vale a pena atravessar o mundo apenas para ter uma experiência gastronômica inesquecível?
Foi o que fizeram diversas pessoas com quem a BBC conversou através do site de perguntas e respostas Quora.
Ouvimos histórias de quem viajou apenas para ir a um restaurante famoso. Mas houve casos de pessoas que disseram ter cruzado continentes apenas para voltar a algum "pé sujo".
Confira abaixo algumas das melhores respostas que recebemos.
THREE WAYS HOUSE HOTEL, NA INGLATERRA
Distância viajada: 1.172 quilômetros
Makiko Itoh conta que dirigiu de Zurique, na Suíça, até Gloucestershire, no interior inglês, apenas para comer um pudding - uma variedade de sobremesa típica do país. Mas na verdade, foram sete: o número de puddings servidos em um evento especial do hotel, o Pudding Club.
O jantar dura três horas e resulta em uma votação. Entre as variedades estão caramelo (sticky toffee), maçã, melaço (syrup sponge) e mincemeat (uma combinação de frutas secas, nozes, especiarias e maçã). O evento acontece toda sexta-feira e o mais votado no fim do ano ganha o título de "Pudding do Ano".
"Assim como o Clube da Luta, o Clube do Pudding também tem regras", conta Itoh. "Só se pode ter um pudding no prato por vez. É preciso comer tudo antes de repetir a porção. Você não pode se servir na 'Estação de Puddings' antes de ser chamado. Cada mesa é chamada separadamente."
CHAR HUNG SUT, NO HAVAÍ
Distância viajada: 4.116 quilômetros
Garrick Saito tem família no Havaí. Quando resolveu voltar para a ilha, depois de 15 anos morando em Los Angeles, sua primeira parada foi o modesto Char Hung Sut. Conhecido pela culinária chinesa dim sum, o restaurante tem um prato famoso na ilha, o manapua, que segundo Saito é "uma mistura única de churrasco suíno chinês com outros temperos enfiados em um pãozinho cozido a vapor".
TAILLEVENT, EM PARIS
Distância viajada: 9.215 quilômetros
Fundado em 1946, o restaurante três estrelas do guia Michelin justificou a viagem feita por Stephanie Vardavas de Portland, nos Estados Unidos, à capital francesa.
"A comida era maravilhosa, incluindo a entrada de caviar, que foi a ova cozida da forma mais delicada que já provei", conta.
"Mas a grande descoberta foi o serviço: atencioso, mas sem ser sufocante; pensado e cuidadoso, mas sem a falsa cordialidade que se recebe nos restaurantes americanos muitas vezes."
SCOTTY'S BROASTED CHICKEN AND RIBS, NO ARIZONA
Distância viajada: 531 quilômetros
Ariel Williams gosta tanto da comida na lanchonete de Lake Havascu City que sempre compra duas costeletas de porco inteiras - uma para comer na hora e outra para viagem - toda vez que visita Tucson, no Arizona.
"As costeletas são tão macias que a carne se separa facilmente do osso", diz. "O frango frito é tão suculento que é preciso usar óculos. Na primeira vez que comi aqui, eu abri a galinha com a faca e o suco da carne voou nos meus olhos."
EL BULLI, NA CATALUNIA
Distância viajada: 6,4 mil quilômetros
O celebrado restaurante três estrelas no Guia Michelin não existe mais, mas duas pessoas relataram ter feito a longa viagem à Espanha apenas para provar a famosa "culinária molecular" do chef Ferran Adrià.
Norm Soley, de Toronto, no Canadá, disse que o restaurante costumava receber quase um milhão de pedidos de reservas por ano, mas conseguia servir apenas 8 mil.
Os "sorteados" muitas vezes se viam em um dilema, tendo de "largar tudo" para viajar imediatamente à Espanha.
"Foi de longe a melhor refeição que já comi na minha vida", diz Chris Carpenter, que viajou 1,5 mil quilômetros de Dublin para não perder a "oportunidade".
Ferran Adrià anunciou que vai reabrir o restaurante, mas em um formato diferente: como um centro de exploração culinária da elBullifoundation em 2015.
Leia a versão original desta reportagem em inglês no site BBC Travel.