Em imagens: Um passeio pelos jardins secretos de Londres

Enquanto o Chelsea Flower Show leva a fama de ser um dos eventos mais tradicionais da primavera londrina, pequenas ilhas de tranquilidade restritas a moradores vizinhos abrem suas portas uma vez por ano para o resto da cidade.

De uma horta no topo de uma arranha-céu a um jardim móvel entre prédios e linhas de trem, eis aqui alguns dos segredos mais bem guardados da capital britânica.

Metrô verde

Estação de Barbican

Crédito, Olivia Howitt

Legenda da foto,

Jardim instalado em plataforma abandonada na estação de metrô de Barbican

O metrô de Londres não é particularmente famoso por suas paisagens naturais. Mas a estação de Barbican, na City, o centro financeiro da cidade, pode mudar essa impressão: uma de suas plataformas em desuso, com 100 metros de comprimento, está repleta de flores, verduras e legumes.

Um dos desafios para instalar o jardim no local foi o timing: o trabalho precisa ser feito nas primeiras horas da madrugada, quando os trens não circulam. Outra dificuldade desse tipo de jardim? "Encontrar pessoas para cuidar dele", afirma Marion Blair, coordenadora do evento London Open Garden Squares.

Plantação dourada

Golden Lane

Crédito, Olivia Howitt

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Horta comunitária foi instalada em meio a um conjunto habitacional em plena City

Aninhada em meio aos prédios do conjunto residencial de Golden Lane, um projeto de habitação social em plena City de Londres, a horta comunitária Golden Baggers surgiu em 2010 no local onde antes funcionava o playground de uma creche.

O lugar se popularizou entre os moradores que viram ali a oportunidade de cultivar seus próprios produtos.

Hoje, 40 canteiros pernanentes exibem uma profusão de frutas, legumes e verduras. Há ainda um jardim aromático, macieiras e uma pequena área florida para incentivar a proliferação de abelhas e borboletas.

Até algumas parreiras foram plantadas aqui, na esperança de um dia, talvez, ser possível produzir seu próprio vinho.

Raízes medievais

Igreja de Greyfriars

Crédito, Olivia Howitt

Alguns dos jardins secretos de Londres têm uma longa história. O pátio mostrado na foto acima fica na Igreja de Greyfriars, da Ordem Franciscana e que data de 1225.

A edificação foi destruída no Grande Incêndio de Londres, em 1966. A nova igreja, projetada por Christopher Wren e erguida entre 1687 e 1704, também acabou devastada pelo fogo em 1940, durante um ataque da Segunda Guerra Mundial. Só sobrou a torre oeste.

Homenagem rosada

Igreja de Greyfriars

Crédito, Olivia Howitt

O jardim acima foi criado em homenagem à igreja atacada. Clematis e rosas trepadeiras se agarram a dez colunas de madeira que representam as pilastras que sustentavam o antigo teto.

Leitos de rosas cercados indicam o local onde ficavam os bancos da igreja, enquanto uma alameda de árvores marca a antiga nave. "Aqui as plantas representam os fiéis", define Blair.

A High Line de Londres?

Jardim no complexo Barbican

Crédito, Olivia Howitt

Um dos jardins mais badalados da cidade é o Beech Gardens, projetado por Nigel Dunnett, que também participou do paisagismo do Parque Olímpico.

Bem no meio dos prédios do Barbican - um conjunto residencial construído entre os anos 60 e 70 - Dunnett instalou 30 mil plantas herbáceas, na tentativa de suavizar o concreto modernista que predomina nos edifícios ao redor.

Apesar de a ideia de Dunnett ter sido polêmica entre moradores que preferiam um jardim mais florido, outros comparam esse "ar de campina" a uma tendência internacional que inspirou a badalada High Line, de Nova York - um parque que funciona ao longo de uma linha de trem abandonada.

Escritório verdejante

Vista do jardim do Eversheds

Crédito, Olivia Howitt

Um dos maiores escritórios de advocacia do mundo, Eversheds, abriga um impressionante jardim na cobertura de sua sede, no número 1 da Wood Street.

O local começou a tomar forma quando a administração da City de Londres passou a obrigar os prédios a ter áreas verdes. Sua base de plantas do gênero Sedum é combinada com pilhas de tocos de árvore e maços de feno para oferecer uma variedade topográfica e atrair insetos e aves.

O projeto também inclui várias caixas com alimentos para pássaros como andorinhas e falcões peregrinos.

Nos últimos dois anos, dois funcionários do Eversheds acrescentaram ao local uma horta e um apiário.

Santuário urbano

Temple Gardens

Crédito, Olivia Howitt

Inicialmente construído pelos Cavaleiros Templários no século 12, este labirinto de pátios e alamedas entre a Fleet Street e a margem do Tâmisa, chamado Temple, passou para as mãos dos Cavaleiros da Ordem de Malta e, mais tarde, para uma organização de advogados. Hoje é a base desses profissionais na Grã-Bretanha.

A Casa do Mestre, que pertence ao reverendo da igreja de Temple, é um jardim calmo e escondido em volta do complexo de Temple.

Mas, apesar de sua tocante tranquilidade, o local já foi palco de grandes carnificinas. Foi bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial, perdendo várias árvores antigas.

A casa paroquial no estilo georgiano também foi destruída pelas bombas alemãs. O prédio de hoje, visto aqui, é uma reconstrução fiel.

Sob portas fechadas

Temple Gardens

Crédito, Olivia Howitt

Este ano, pela primeira vez na história, a Casa do Mestre foi aberta ao público. Para os amantes da jardinagem, um dos aspectos mais interesantes do local é a qualidade do solo - que por se localizar em uma planície elevada, acaba se tornando muito seco.

Mas, segundo o jardineiro Bob McMeekin, o local tem outros atributos. "O centro de Londres tem seu próprio microclima e o jardim está protegido na poluição provocada pelos prédios à sua volta", diz.

Um cenário para Shakespeare

Temple Gardens

Crédito, Olivia Howitt

Um imponente hall medieval serve de cenário para o principal jardim do Middle Temple - sede de uma das mais antigas associações de advogados de Londres. Seus arbustos, roseiras e gramados se estendem até o rio Tâmisa.

A primeira encenação de que se tem notícia da peça Noite de Reis, de William Shakespeare, foi realizada aqui.

O escritor também escolheu o Temple Gardens como palco do encontro que deflagrou a Guerra das Duas Rosas, que ele descreve ao longo de oito peças, principalmente Ricardo 3º.

Na Idade Média, havia aqui um pomar. No século 14, acrescentaram rosais. Pátios e alamedas foram instalados no fim do século 16. No início do século 18, foi colocado um jardim de estilo holandês.

Mas não é o visual do lugar que nos impressiona, mas sim um pequeno detalhe: a pequena horta ao lado da Casa do Mestre. Como muitos dos pequenos jardins de Londres, este também é cuidado por um jardineiro amador.